«yo digo: "a la de tres empezaré a correr" / pero olvido que no sé contar.»
[Nacho Vegas]
o silêncio é uma impossibilidade metafísica. ecoará sempre algo na tua cabeça. uma palavra, uma lágrima. se tudo correr bem, uma canção. se tudo correr mal, um poema. foges, escondes-te, pensas que te calas e tudo se resolve, mas a ausência de ruído não é silêncio. é só a ausência de ruído. o rio mais limpo terá sempre margens de lama. procuro nas entrelinhas a melhor maneira de acabar com este quasi blogue. mas se não há boas maneiras de morrer, não há boas maneiras de matar. mesmo que seja um texto. ninguém mata o silêncio, se ele não existe. não sonhamos em grande, nós é que somos pequenos. miseravelmente ínfimos. queria escrever a história de um poema que se suicidou, mas a verdade é que nem sequer chegou a nascer. e aqui jaz, sem que ninguém conte a história do seu suicídio.
[rebekah del rio, llorando. / fotografia mf2004]